Os Padrões GRI é a estrutura para relatório ESG mais usada hoje no mundo. Mas você sabe tudo o que precisa saber sobre essa iniciativa?

A consciência ambiental de uma marca já não é mais motivo de elogios quando é percebida. Na verdade, hoje em dia ela é uma questão de vergonha quando se está ausente. No entanto, vale ressaltar que não adianta ter só discurso. O que os stakeholders realmente buscam são ações reais e resultados comprovados.

Os relatórios de ESG também conhecidos como relatórios de sustentabilidade se tornaram indispensáveis para as empresas de capital aberto que querem ser reconhecidas como investimentos ESG. Diversas estruturas e frameworks foram surgindo com o tempo para auxiliar as empresas na coleta de dados, padronização de relatório e divulgação de métricas ESG. A utilização de tais estruturas são voluntárias, entretanto podem ser exigidas em algumas ocasiões como por um determinado investidor, cliente ou bancos de investimento.

Escolher a estrutura de relatórios de sustentabilidade ideal para sua empresa pode ser um grande desafio, principalmente com vários padrões e estruturas existentes no cenário ESG hoje. Os tópicos que eles cobrem variam, mas há uma sobreposição significativa em cada esforço para fornecer uma imagem transparente dos impactos ESG de uma empresa.

A Global Reporting Initiative (GRI) é uma das estruturas de relatórios universais disponíveis para adoção. Ela orienta as empresas a medir seu impacto na sustentabilidade, fornecendo métricas e tópicos ESG relevantes. Nesse artigo de hoje vou trazer um breve relato dessa importante estrutura.

GRI na história

A GRI foi fundada em Boston (EUA) em 1997, após indignação e protestos públicos sobre os danos ambientais causados pelo derramamento de óleo do Exxon Valdez. O ocorrido trata-se de um navio, chamado Exxon Valdez, que derramou acidentalmente 11 milhões de galões de petróleo no Golfo do Alasca em 1989. Em resposta ao fato, um grupo de investidores socialmente responsáveis em conjunto com grupos ambientais e organizações sem fins lucrativos se uniram em 1990 para formar a Coalition for Environmentally Responsible Economies​, conhecido como Ceres. Essa instituição estabeleceu os Princípios Valdez (mais tarde renomeados como Princípios Ceres), um código de conduta voluntário para as empresas apoiarem a proteção do meio ambiente.

Naquela época, os relatórios de sustentabilidade eram praticamente desconhecidos. Pouquíssimas empresas forneciam divulgações não financeiras. A fundadora da Ceres, Joan Bavaria, percebeu que os princípios precisariam ter um mecanismo de responsabilidade para ter algum impacto real. Nos anos seguintes, houve uma colaboração entre a Ceres e o Instituto Tellus, para o desenvolvimento de uma estrutura de relatórios para os Princípios Ceres. Isso se tornou a base para as diretrizes iniciais da GRI (G1), lançadas em 2000, como a primeira estrutura global para relatórios de sustentabilidade. Em 2001, a GRI foi estabelecida como uma instituição independente e sem fins lucrativos.

Em 2016, a GRI deixou de fornecer diretrizes para estabelecer os primeiros padrões globais para relatórios de sustentabilidade – os Padrões GRI

Como usar os padrões GRI?

Os Padrões GRI são um sistema modular composto por três séries de padrões a serem usados ​​em conjunto: Padrões Universais, Padrões Setoriais e Padrões Tópicos.

Padrões Universais

Os padrões universais se aplicam a todos os negócios e organizações e servem como guia na identificação de tópicos relevantes. Esses padrões foram revisados ​​para se concentrar na entrega de divulgações de qualidade e conduta empresarial responsável. Dentro dos padrões universais se encontram: GR1, GR2 e GR3. Veja abaixo um detalhamento sobre cada um deles conforme explicação do próprio GRI.

  • GRI 1: Foundation 2021 – Apresenta a finalidade e o sistema dos Padrões GRI e explica os principais conceitos para relatórios de sustentabilidade. Também especifica os requisitos e os princípios de relatórios que a organização deve cumprir para relatar seus resultados de acordo com os Padrões da GRI. O GRI 1 é o primeiro Padrão que as organizações devem consultar para entender como relatar suas métricas usando os Padrões GRI.
  • GRI 2: General Disclosures 2021 – Inclui conteúdos que a organização utiliza para apresentar informações sobre suas práticas de relato e outros detalhes organizacionais, como suas atividades, governança e políticas. Essas informações permitem que você aprofunde o perfil e a escala da organização e fornece contexto para a compreensão de seus impactos.
  • GRI 3: Material Topics 2021 – Oferece um guia passo a passo para determinar tópicos materiais. O GRI 3 também inclui conteúdos que a organização utiliza para apresentar informações sobre seu processo de determinação tópicos materiais e sua lista de tópicos materiais e como ele gerencia cada tópico.

Padrões Setoriais

Os Padrões Setoriais fornecem informações para organizações sobre seus prováveis ​​tópicos materiais. A organização usa os Padrões Setoriais que se aplicam aos seus setores ao determinar seus tópicos materiais e ao determinar quais informações relatar para os tópicos materiais.

Você pode escolher entre o setor de Petróleo e Gás (GR 11), Setor de Carvão (GR 12) e Setores de Agricultura, Aquicultura e Pesca (GR 13). Embora os Padrões Setoriais mantenham diretrizes rígidas, eles não pretendem substituir o processo interno de sua empresa para identificar tópicos materiais.

Padrões de Tópicos

Os padrões de tópico incluem conteúdos para que a organização apresente informações sobre seus impactos relacionados a determinados temas. Os padrões de tópicos cobrem uma ampla variedade de tópicos. A organização utiliza os padrões de tópicos de acordo com a lista de tópicos materiais que determinou com o GRI 3.

Fonte: GRI

Onde encontrar os padrões GRI?

Os Padrões GRI, incluindo padrões setoriais e específicos de tópicos, são gratuitos e estão disponíveis para download no site da Global Reporting Initiative.

Na página basta escolher o idioma de sua preferência e depois navegar pelos conteúdos conforme sua necessidade. É importante ressaltar que, por enquanto, a atualização dos Padrões GRI 2021 está disponível apenas no inglês, chinês simplificado, espanhol e chinês tradicional. Traduções para outros idiomas importantes estão sendo preparadas para lançamento.

Portanto, em alguns outros idiomas, é possível verificar nomenclaturas ainda desatualizadas. Por exemplo os padrões GRI 1, 2 e 3 no português ainda estão como GRI 101, 102 e 103. Não há traduções também para alguns padrões setoriais como é possível encontrar no inglês, por exemplo, os GR 11, 12 E 13 – Petróleo e Gás, Setor de Carvão e Setores de Agricultura, Aquicultura e Pesca, respectivamente.

Como as organizações usam os padrões da GRI?

A estrutura de relatórios da GRI é flexível e personalizável, com padrões específicos de tópicos e setores projetados para facilitar os relatórios com base nas operações de uma empresa. Aqueles que desejam preencher um relatório em total conformidade com todas as normas podem registrar seu relatório na GRI para atender aos ODS de transparência nos negócios.

Para as empresas que não implementaram integralmente um programa ESG, há também a opção de elaborar um relatório parcial. Por exemplo, uma organização que queira relatar seus impactos ambientais pode usar os padrões universais e específicos de tópicos ambientais, deixando de fora os padrões econômicos e sociais.

Quem usa os padrões de relatórios da GRI?

Hoje, a GRI é a estrutura mais usada no mundo para divulgar o desempenho ESG, ela está presente em mais de 10.000 relatórios em 100 países. Uma pesquisa da KPMG descobriu que quase 73% das 250 maiores empresas do mundo (o G250) usam os Padrões GRI. Além disso dois terços (67%) do N100 (as 100 maiores empresas em 52 países) também usam GRI. Segundo um relatório do European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) , na Europa, 54% das empresas usam GRI, mais do que qualquer outra estrutura de relatórios.

Por que a GRI se destaca perante outras estruturas de relatórios ESG?

Embora a GRI seja o padrão de relatório ESG mais usado no mundo, muitas vezes ela é facilmente usada em conjunto com outras estruturas e padrões de sustentabilidade, como SASB, CDP, TCFD, dentre outras. A GRI também anunciou o apoio a várias iniciativas voltadas para um conjunto globalmente consistente, comparável e integrado de diretrizes e padrões de divulgação. Entretanto, ainda assim, a GRI se destaca por alguns motivos principais:

  • Segue um processo independente e multissetorial para definição de padrões, gerenciado pelo Global Sustainability Standards Board (GSSB);
  • Usa uma linguagem global de relatórios;
  • Órgãos consultivos internacionais garantem a neutralidade de qualquer setor específico ou grupo de partes interessadas;
  • Oferece uma ampla gama de tópicos que abordam todos os impactos ESG, atendendo as necessidades de várias partes interessadas e podem ser usados por qualquer organização.
  • Tem forte apoio de formuladores de políticas e reguladores de mercado em todo o mundo;
  • Espelha as expectativas intergovernamentais, como os ODS da ONU.
  • Fez parcerias com organizações como ISO ,OCDE , Pacto Global da ONU e PNUMA para garantir que os padrões estejam no mesmo nível das iniciativas de desenvolvimento global;
  • Promove a inclusão de stakeholders – Um dos princípios da GRI é a inclusão de stakeholders, exigindo que as empresas identifiquem seus stakeholders. Isso, por sua vez, permite que eles atendam melhor às expectativas e interesses das partes interessadas;
  • É focado externamente nos impactos econômicos, ambientais e sociais das atividades de uma empresa.

Adotando o Framework GRI  com o SoftExpert ESG

Determinar qual estrutura ou padrão de relatório de sustentabilidade usar é apenas o começo dessa longa jornada ESG. É necessário determinar os tópicos materiais, distribuir as responsabilidades, coletar e avaliar os dados e divulgar de acordo com os requisitos de relatórios.

Adotar a estrutura GRI pode melhorar as relações com as partes interessadas e criar sustentabilidade a longo prazo para sua empresa. O SoftExpert ESG transforma seus riscos ESG em valores e oportunidades e automatiza o processo de ponta a ponta. A ferramenta permite que você utilize não apenas a estrutura GRI, mas também outros padrões de relatórios para gerenciar toda sua estratégia de sustentabilidade.

Com uma solução ESG completa, o Software ESG da SoftExpert melhora a transparência e a responsabilidade dos dados, economizando tempo e recursos e facilitando a comunicação e o envolvimento interno e externo.

 

Camilla Christino

Autor

Camilla Christino

Camilla Christino é Analista de Produto e Mercado da SoftExpert, formou-se em Engenharia de Alimentos no Instituto Mauá de Tecnologia. Detém sólida experiência na área de qualidade em indústrias de alimentos com foco em acompanhamento e adequações de processos de auditorias interna e externa,documentação do sistema de gestão da qualidade (ISO 9001, FSSC 22000, ISO/IEC 17025), Controle da Qualidade, Assuntos Regulatórios, BPF, APPCC e Food Chemical Codex (FCC). Ela também é certificada como auditora líder na norma ISO 9001:2015.

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