Boas Práticas de Fabricação (BPF): o segredo para unir qualidade e conformidade
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Boas Práticas de Fabricação (BPF): o segredo para unir qualidade e conformidade

Publicado em 21 de November de 2024

As Boas Práticas de Fabricação (também conhecidas como BPF) são um conjunto de diretrizes, regras e procedimentos que empresas precisam seguir para garantir a qualidade e a segurança dos produtos/serviços oferecidos. Elas são aplicadas em empresas de diversos setores; dentro os principais, estão as áreas de alimentos, medicamentos e cosméticos.

As BPF podem ser aplicadas em inúmeras áreas e atividades numa corporação. Alguns exemplos são a higiene pessoal dos funcionários, a manutenção de equipamentos, o controle de qualidade dos produtos, a documentação de todas as etapas do processo de produção e o transporte de insumos.

Continue lendo e descubra mais sobre as boas práticas de fabricação, como segui-las, os benefícios que trazem e os perigos de negligenciar esse cuidado. Confira!

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O que são Boas Práticas de Fabricação (BPF)?

Garantir a manutenção da qualidade dos produtos/serviços oferecidos, bem como o bem-estar das pessoas envolvidas no processo de produção, é uma missão das empresas de diversas áreas. No entanto, isso representa um grande desafio, especialmente em mercados altamente regulamentados, como a indústria farmacêutica e a de alimentos.

Para remediar essa dificuldade, surgiram as Boas Práticas de Fabricação (BPF). A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi uma das primeiras entidades a criar diretrizes para as BPF, através da publicação de recomendações para o setor em 1969. A partir de então, elas foram adotadas por diversos países ao longo dos anos, sempre buscando padronizar processos de fabricação, minimizar os riscos, evitar erros e fortalecer a qualidade e a conformidade.

Hoje, diversas entidades e segmentos contam com suas respectivas Boas Práticas de Fabricação. Em muitos casos, os órgãos governamentais são responsáveis por criá-las, como a Anvisa no Brasil, a FDA nos EUA e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) na Europa. Além disso, diversas certificações — como algumas das da Organização Internacional de Normalização (ISO) — demandam que as companhias utilizem as BPF para serem certificadas.

Independentemente de sua origem e de a qual entidade elas estão atreladas, todas Boas Práticas de Fabricação contam com alguns objetivos básicos: impulsionar a qualidade, minimizar riscos, evitar erros/acidentes e padronizar atividades/processos. Por isso, as BPF precisam fazer parte do seu Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ).

E para garantir que esses objetivos sejam alcançados, uma boa prática em relação às BPF é contar com um manual (que você descobre como criar logo adiante). Nele, estarão presentes as diretrizes, normas e recomendações pertinentes ao mercado, à área ou ao setor envolvido. No manual também costumam estar algumas diretrizes básicas.

As diretrizes das Boas Práticas de Fabricação

Existem algumas diretrizes básicas das Boas Práticas de Fabricação (BPF) essenciais para garantir a qualidade e a segurança dos produtos. Claro que elas podem variar conforme a atividade, o setor de atuação e o produto/serviço envolvido, mas abaixo você conhece 11 das diretrizes mais comuns:

  • Higiene Pessoal: Fala sobre o cuidado dos funcionários em manter uma higiene rigorosa. Aborda itens como uniformes apropriados, lavagem frequente das mãos, uso de equipamentos de proteção individual, entre outros.
  • Higiene das Instalações: Trata da limpeza das áreas de produção. Enumera boas práticas de limpeza e organização, com os procedimentos regulares de limpeza e desinfecção.
  • Controle de Qualidade: Engloba todos os procedimentos que protegem a qualidade de insumos, ingredientes e dos produtos. Aborda também os testes e inspeções regulares que visam avaliar essa qualidade.
  • Documentação e Registros: É fundamental também manter registros detalhados de todos os processos de produção. Lembre-se de fazer isso em toda a cadeia, envolvendo fornecedores, o trato das matérias-primas até a distribuição dos produtos para o consumidor final.
  • Treinamento de Funcionários: As BPF também abordam medidas para que os colaboradores tenham treinamento adequado não somente sobre as suas atividades operacionais, como também as Boas Práticas de Fabricação em si.
  • Manutenção de Equipamentos: Essa diretriz indica a realização de manutenção regular dos equipamentos. Isso é essencial para garantir o funcionamento correto deles e, assim, evitar contaminações/falhas.
  • Controle de Pragas: Além de limpar o ambiente, os equipamentos e a higiene dos colaboradores, também é necessário ter medidas para prevenir e controlar possíveis pragas nas instalações.
  • Armazenamento Adequado: As BPF não falam somente da produção de fato. Elas também abordam a armazenagem de matérias-primas e produtos, garantindo que estejam em condições adequadas. Isso evita deterioração, contaminação ou alterações indevidas.
  • Procedimentos Operacionais Padronizados (POP): Recomenda-se desenvolver e seguir procedimentos padronizados para todas as operações de produção.
  • Rastreabilidade: Esse item aborda a capacidade de rastrear todos os produtos desde a origem das matérias-primas até o consumidor final.
  • Auditorias Internas: Para apurar se tudo está funcionando conforme o esperado, é necessário realizar auditorias internas regulares. Elas verificam a conformidade da operação com as BPF e, assim, ajudam identificar áreas de melhoria.

Veja também: Checklist de Segurança dos Alimentos

Quais as vantagens de adotar as Boas Práticas de Fabricação?

E mesmo com tanto trabalho, ainda assim implementar as Boas Práticas de Fabricação vale o esforço. Afinal, como você já viu, esse cuidado protege a qualidade dos produtos/serviços, resguarda a saúde dos colaboradores e ainda resguarda a reputação da sua empresa.

Mas não é só isso, existem outras tantas vantagens de adotar práticas de BPF – quase tantas quanto existem variações e adições a essas diretrizes. Para que você conheça as principais, preparamos uma lista abaixo.

  • Melhoria da Qualidade do Produto: As boas práticas asseguram que os produtos sejam fabricados de acordo com os padrões de qualidade mais consistentes e exigidos do mercado. Isso aumenta a confiança dos consumidores.
  • Redução de Contaminações: Implementar BPF minimiza eventuais riscos de contaminação cruzada e outros tipos de contaminação/alteração nos ingredientes, insumos e produtos. Isso aumenta a segurança (e a qualidade) do que é manufaturado.
  • Conformidade Regulamentar: Tendo cuidado com o ambiente, as matérias-primas, as ações e os colaboradores envolvidos na fabricação de algo, uma companhia está mais próxima de estar em conformidade com as exigências legais e regulatórias. Assim, não somente evita multas e sanções, como ganha a confiança dos consumidores.
  • Aumento da Eficiência Operacional: As BPF otimizam todos os processos de fabricação. Isso reduz desperdícios, minimiza erros e otimiza o consumo de recursos. Como resultado, todo esse processo se torna mais eficaz e rentável.
  • Melhoria da Reputação da Empresa: Esse é um reflexo dos outros cuidados e otimizações que as Boas Práticas de Fabricação trazem. Afinal, ao adotá-las, sua empresa demonstra o compromisso com a qualidade, a segurança e a conformidade. Dessa forma, fortalece sua imagem no mercado e cria boa reputação com todos os stakeholders.
  • Segurança dos Funcionários: O cuidado na fabricação dos produtos também protege quem é responsável por isso. Ou seja, a implementação de BPF promove um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, que reduz o risco de acidentes e/ou doenças ocupacionais.
  • Facilidade na Capacitação de Funcionários: Ao cumprir com essa diretriz das BPF, a companhia agrega procedimentos bem documentados que facilitam o treinamento e a adaptação de novos colaboradores.
  • Aumento da Vida Útil dos Produtos: Ter boas práticas que incorporam medidas preventivas ajuda a prolongar a vida útil dos itens produzidos. Dessa forma, uma companhia pode contar com mercadorias em plenas condições de qualidade por mais tempo. Isso reduz custos, otimiza o investimento e aumenta a rentabilidade da companhia.
  • Redução de Custos: Mais um benefício que se manifesta como a somatória de uma série de cuidados. Como você já percebeu, as BPF causam a redução de desperdícios e otimizam a eficiência operacional; tudo isso resulta em economia de custos e otimização de recursos para a empresa.

Os impactos de não utilizar as BPF

Se por um lado contar com BPF ajuda sua empresa em todos esses aspectos acima, por outro não ter esse tipo de cuidado pode impactar seriamente sua companhia – e não de forma positiva.

Não seguir as Boas Práticas de Fabricação (BPF) pode afetar a qualidade dos produtos, prejudicar a saúde dos colaboradores e até mesmo impactar a presença da companhia no mercado de forma irreversível.

Conheça abaixo alguns desses impactos e veja por que você não pode deixar as BPF de lado.

  • Riscos à Saúde do Consumidor: Sem o cuidado adequado, os produtos podem acabar contaminados ou apresentando baixa qualidade. Como resultado, você pode acabar levando aos consumidores itens que podem causar doenças e reações adversas, se tornando um verdadeiro problema de saúde pública.
  • Penalidades Legais: Ao não cumprir com as BPF, uma empresa acaba também por ter não conformidades com normas/legislações de órgãos regulamentadores. Isso pode acarretar multas, sanções e até o fechamento do estabelecimento em casos extremos.
  • Perda de Confiança do Consumidor: A falta de conformidade com as Boas Práticas de Fabricação também resulta na perda de confiança dos consumidores. Quando o mercado percebe que uma companhia não dá atenção para segurança, qualidade e conformidade, a reputação da marca é afetada – e, consequentemente, a fidelidade dos clientes desaparece.
  • Rejeição de Produtos: Outro risco de não adotar BPF é acabar fabricando produtos que não atendem aos padrões de qualidade exigidos por parceiros, clientes, revendas ou distribuidores. Isso gera desperdício de insumos, perdas financeiras e até desgasta o relacionamento com essas partes.
  • Aumento de Custos: Utilizar diretrizes e recomendações de qualidade reduz custos; já não contar com esse tipo de cuidado gera desperdícios, retrabalho e até recalls de produtos, o que aumenta os custos operacionais.
  • Impacto na Competitividade: As empresas que não seguem as BPF tendem a perder espaço no mercado justamente para os concorrentes que se atentam a esse tipo de cuidado.
  • Problemas Legais e Processos Judiciais: Não são apenas os órgãos reguladores que podem tomar medidas legais contra companhias que não cuidam do seu processo de fabricação. Os consumidores afetados por produtos de baixa qualidade também podem processar a empresa, resultando em custos legais e danos à imagem dela.
  • Interrupções na Produção: Em casos sérios de falhas, erros ou contaminações nos processos de fabricação, é possível que haja até mesmo interrupções na produção (sejam parciais ou totais). Como consequência, a capacidade de atender à demanda do mercado e de manter a operação funcionando de forma rentável fica muito reduzida.

Como criar um manual de Boas Práticas de Fabricação (BPF)?

Para que você consiga colher todos os frutos das Boas Práticas de Fabricação e evite que algum desses reflexos negativos da ausência delas afete sua empresa, é essencial criar um manual de BPF.

Na prática, trata-se de um documento (seja físico ou virtual) detalhado que enumera todos os procedimentos e diretrizes necessários para garantir a qualidade e a segurança dos produtos manufaturados.

Lembre-se de que isso não há um modelo fixo ou universal. Um bom manual de BPF leva em conta todas as especificidades de uma empresa. Dentre elas, estão o mercado de atuação, produtos/serviços oferecidos, atividades e processos de fabricação, setores envolvidos nisso, tipo de aparelhos usados na fabricação, insumos e fornecedores.

Modelo de estrutura de manual de BPF

Mas também isso não quer dizer que não existam alguns itens considerados mais populares, podendo ser implementados e adaptados em diversos perfis de empresas. Abaixo preparamos uma lista com uma dica de estrutura para o seu manual de Boas Práticas de Fabricação, confira:

  • Introdução: Descreva qual é o objetivo do manual e a sua importância.
  • Descrição da Empresa: Traga informações sobre a empresa. Inclua dados como localização, estrutura organizacional, produtos fabricados, entre outros.
  • Instalações e Equipamentos: Detalhe como é feita a manutenção e a higienização das instalações e dos equipamentos.
  • Controle de Qualidade: Descreva os procedimentos adotados para garantir a qualidade dos produtos, incluindo inspeções e testes, por exemplo.
  • Higiene Pessoal e das Instalações: Enumere quais são as regras de higiene para funcionários e quais são os procedimentos de limpeza das instalações.
  • Controle de Pragas: Inclua aqui quais são as medidas para prevenir e controlar pragas.
  • Armazenamento e Transporte: Nesse item ficam descritas as diretrizes e práticas para o armazenamento e transporte seguro dos produtos.
  • Documentação e Registros: Mostre quais são os tipos de registros e documentações relacionados às BPF que serão mantidos para controle interno. Inclua também os procedimentos adotados para manter tudo isso atualizado e de fácil acesso.
  • Treinamento de Funcionários: Descreva como são realizados e quais os objetivos dos programas de treinamento e capacitação disponibilizados para os colaboradores envolvidos no processo de fabricação.
  • Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs): Inclua a descrição detalhada dos procedimentos operacionais envolvidos nas etapas de fabricação.

Dicas para criar um bom manual de BPF

Além de uma estrutura padrão para guiar o seu manual, é importante ficar de olho em mais dicas que ajudam a criar um documento coeso e completo. Dessa forma, fica mais fácil ter um manual que de fato ajude a implementar e aprimorar as Boas Práticas de Fabricação na sua empresa. Confira!

  • Conheça as regulamentações: Familiarize-se com as regulamentações, certificações e demais diretrizes/padrões relevantes para o seu segmento. Isso garantirá que o seu manual esteja em conformidade com as exigências.
  • Envolva toda a equipe: Não construa o manual de Boas Práticas de Fabricação de forma solitária. Inclua os colaboradores nesse processo para aproveitar insights valiosos sobre os processos diários. Isso ajuda também a identificar áreas que precisam de melhorias.
  • Seja detalhista: Descreva minuciosamente cada etapa do processo de fabricação, desde a recepção dos insumos até a distribuição dos produtos para a venda. Inclua também os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) para cada atividade citada no manual.
  • Documentação e registros: Mantenha registros detalhados de todas as operações e etapas de fabricação. Inclua a manutenção e higienização das instalações, controle de pragas, monitoramento da saúde dos funcionários, entre outros. Nesse momento, seguir o modelo de estrutura que mostramos acima é de grande ajuda.
  • Treinamento contínuo: Garanta que todos os funcionários sejam treinados regularmente a respeito das práticas descritas no manual. Isso ajuda a manter a conformidade e a qualidade dos processos. Além disso, revise os treinamentos periodicamente para garantir que estejam atualizados com as recomendações e exigências do momento.
  • Atualização regular: Revise e atualize o manual periodicamente para refletir mudanças nos processos, regulamentações ou tecnologias relevantes. Uma revisão anual já pode ser o suficiente para implementar medidas de melhoria contínua.
  • Auditorias Internas: Por fim, realize auditorias internas para verificar se tudo que foi descrito no manual está sendo posto em prática e, mais que isso, se está em conformidade com as BPF. Esse processo ajuda a identificar áreas de melhoria e precisa ser documentado rigorosamente, mostrando os resultados alcançados e as ações corretivas adotadas quando necessário.

Seguir esses passos ajudará você a criar um manual abrangente e eficaz. Com ele, você poderá garantir que sua empresa esteja em conformidade com as regulamentações do setor e, além disso, manterá os altos padrões de qualidade e segurança exigidos pelas entidades reguladoras e pelo próprio mercado.

Leia mais: Como implementar melhoria contínua através das auditorias internas de qualidade

Conclusão

Ao implementar as Boas Práticas de Fabricação (BPF), sua empresa adota um cuidado essencial para qualquer organização que deseja garantir a qualidade e a segurança de seus produtos.

Isso não apenas assegura a conformidade com as regulamentações, mas também melhora a eficiência operacional e reduz os custos associados a desperdícios e retrabalhos.

E para tornar esse processo ainda mais eficaz, ágil e seguro, você pode contar também com um software de gestão de riscos robusto. Com essa solução, sua empresa consegue monitorar e controlar todos os aspectos do processo de fabricação, desde a recepção das matérias-primas até a distribuição dos produtos.

Além disso, é possível identificar e mitigar potenciais problemas antes que eles afetem a produção. Isso resulta em produtos mais seguros e de alta qualidade, fortalecendo a confiança dos consumidores e a reputação da marca.

Em um mercado cada vez mais competitivo, investir em tecnologia para suportar as BPF é um passo estratégico que pode diferenciar sua empresa e garantir seu sucesso a longo prazo.

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Sobre o autor
Guilherme Not

Guilherme Not

Guilherme Not é jornalista, redator, analista de marketing e produtor de conteúdo com mais de 10 anos de experiência na criação e gestão de estratégias de comunicação digital. Ele combina sua expertise em marketing e comunicação para oferecer insights valiosos sobre o impacto das soluções de software de gestão de conformidade. É apaixonado por tecnologia, inovação e sobre construir conteúdo envolvente e informativo que ajuda empresas a navegarem no dinâmico mundo da conformidade corporativa.

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