Cloud compliance é o processo de garantir conformidade com os requisitos regulatórios nacionais e internacionais dentro do âmbito da computação em nuvem. A prática também envolve a busca pelo cumprimento das melhores práticas da indústria, através do uso de frameworks e de benchmarks.
Empresas que ofereçam ou usem serviços baseados em nuvem precisam agir de acordo com diferentes legislações em territórios distintos. No Brasil, por exemplo, é preciso atender aos requisitos da Lei Geral de Proteção de Dados. Na Europa, a lei vigente é a GDPR, enquanto quem opera nos EUA deve ter atenção com o programa FedRAMP.
A conformidade com essas legislações precisa fazer parte da discussão da sua organização desde a primeira reunião de planejamento. Para atingir o compliance, você deve implementar medidas de segurança robustas, realizar auditorias com regularidade e promover um monitoramento contínuo em busca de vulnerabilidades.
Neste artigo, vamos falar sobre a importância do cloud compliance, explorar os seus desafios e mostrar como tratar os dados na nuvem com transparência. Continue lendo para aprender tudo sobre o assunto!
Importância do cloud compliance
A conformidade com as legislações que regem o processamento de dados na nuvem é essencial para proteger dados sensíveis dos seus clientes ou parceiros. De forma geral, os artigos dessas leis foram criados pensando com o objetivo de exigir a implementação de medidas robustas de segurança.
Isso é especialmente importante porque as empresas estão lidando com mais dados do que nunca. É preciso resguardar informações sensíveis como dados de cartão de crédito, endereços e documentos pessoais. Além das informações dos clientes, as organizações também precisam lidar com documentos proprietários, registros financeiros e propriedade intelectual.
Uma falha de segurança ou um vazamento dessas informações pode resultar em multas pesadas e a destruição da reputação da sua empresa. Como consequência, sua companhia pode perder a lealdade dos seus clientes e ter dificuldades no relacionamento com outros stakeholders.
Benefícios do cloud compliance
Ao trabalhar com cloud compliance, sua empresa não apenas segue as regras: ela resguarda suas operações, sua reputação e a confiança dos clientes. Estas são as principais vantagens de se ter conformidade na nuvem:
- Vantagem competitiva. Em mercados de grande concorrência, empresas com práticas de conformidade robustas conseguem atrair clientes e parceiros que valorizam a segurança dos seus dados e condutas éticas.
- Lealdade dos consumidores. Com a crescente demanda por transparência e segurança dos dados, as pessoas desejam que suas informações sejam geridas de maneira responsável. Quando fica claro que uma organização tem esse compromisso, cresce a confiança nessa marca.
- Gestão de riscos. A conformidade dentro do contexto da nuvem é uma parte fundamental da gestão de riscos, ajudando a mitigar e identificar ameaças associadas ao ambiente cloud.
- Aderência legal. Dependendo do mercado onde sua empresa opera, ela pode ter que atender à LGPD, à GDRP ou FedRAMP — ou a todos de uma só vez. Ao seguir essas legislações, sua empresa evita receber multas ou outras penalidades legais.
- Privacidade dos dados. O objetivo final das medidas de cloud compliance é proteger dados sensíveis de falhas de segurança que causem acessos não autorizados. Ao aplicar essas medidas, você garante um manuseio seguro dessas informações, reduzindo o risco de vazamentos.
Principais desafios do cloud compliance
Apesar de todos os seus benefícios, a computação em nuvem também exige que você tenha atenção a alguns pontos de compliance. Um dos principais motivos para isso é que, no modelo cloud, as responsabilidades são compartilhadas com o provedor do serviço.
Isso significa que você terá que tratar essa empresa como uma parceira de negócios, já que não terá controle direto sobre as decisões dela. Para ajudar você a lidar com essa situação, prevemos alguns desafios do cloud compliance:
- Responsabilidade compartilhada. Nesse modelo, é preciso tomar cuidado para não acabar com as equipes desalinhadas e parceiros fora de compasso. Para lidar com isso, é importante escolher provedores que valorizem a transparência e ofereçam um Acordo de Nível de Serviço (ANS) sólido.
- Certificações. Tanto a sua companhia quanto o provedor de serviços em nuvem precisam atender aos requisitos de regulamentações e padrões relevantes para sua indústria. Também é preciso manter-se vigilante, ficando de olho em novidades nas leis de proteção de dados e em mudanças no estatuto do serviço na nuvem.
- Mudança na abordagem de segurança. As ferramentas de segurança tradicionais não funcionam tão bem na nuvem. Afinal, os endereços de IP estão sempre mudando, ao passo em que recursos são lançados ou removidos. Por isso, as agências reguladoras geralmente exigem soluções de segurança criadas especificamente para o cloud.
- Residência dos dados. A maioria das leis de proteção de dados exige que as informações pessoais dos usuários sejam armazenadas em seu país de origem — ou ao menos dentro de regiões permitidas. Se a sua empresa atende a múltiplos continentes, pode ser necessário adotar uma estratégia multi-nuvens.
- Mudanças frequentes. Um dos maiores trunfos da computação na nuvem também é um dos seus principais desafios: trata-se de um ambiente em constante melhoria. É preciso planejar bem a mudança para a nuvem e ter um plano para lidar com as mudanças que cada atualização vai trazer para os seus processos.
Como tratar dados na nuvem com transparência e conformidade
Mesmo que você contrate um serviço cloud de terceiros, não é possível terceirizar a responsabilidade pelo compliance. Você ainda terá que prestar contas às agências reguladoras e conquistar a confiança dos seus clientes.
Essa responsabilidade é dividida com o provedor do serviço. Tanto que plataformas como Amazon Web Services, Google Cloud e Microsft Azure já preveem em seus contratos que vão cuidar do seu próprio lado da conformidade.
Isso ainda deixa sua empresa responsável pela outra metade das responsabilidades. Para ajudar a lidar com tudo isso, separamos um passo a passo de como tratar dados na nuvem com transparência e conformidade:
1. Defina o modelo de responsabilidade compartilhada
Tanto a sua empresa quanto a provedora do serviço cloud possuem certo nível de responsabilidade em relação a segurança e conformidade. O grau de compromisso de cada uma vai depender do modelo de serviço: Software as a Service (SaaS), Infrastructure as a Service (IaaS) ou Platform as a Service (PaaS).
Geralmente, o provedor do serviço na nuvem é responsável por garantir que esteja tudo certo com a infraestrutura da nuvem — incluindo servidores físicos, redes e bancos de dados. Já a empresa que contrata os seus serviços deve cuidar do compliance dos dados armazenados no cloud, assim como gerir o acesso dos usuários.
2. Crie uma estrutura de governança
Algo fundamental para alcançar o cloud compliance é implementar um sistema robusto de governança. Ou seja: mecanismos, processos e políticas para controlar e monitorar o ambiente em nuvem.
Defina componentes como gestão de riscos, gestão de mudanças e gestão de políticas. Ao criar todo esse framework de governança, você garante que terá uma abordagem estruturada para gerir as operações na nuvem.
Isso permite atender ao que pedem as legislações dos países onde você opera. Se fizer tudo certo nesta etapa, sua empresa também estará de acordo com os padrões da indústria e políticas organizacionais.
3. Desenvolva uma estratégia de conformidade
Avalie as legislações vigentes na região onde sua organização opera, levando em conta a natureza dos dados que têm em sua posse e a indústria onde opera. Se você estiver operando no Brasil, dê uma lida na LGPD. Caso vá ter uma filial na Europa, é uma boa conferir a GDPR e assim por diante.
Assim que tiver todas as informações, você deve anotar as ações necessárias para garantir o compliance em primeiro lugar. Depois, crie uma documentação com o que é preciso para mantê-lo nos meses e anos subsequentes.
Preveja auditorias internas periódicas e relatórios de segurança. Essas auditorias ajudam a encontrar falhas nos seus processos, assim como destacar o trabalho que precisa ser feito.
Ao juntar isso com relatórios detalhados, você consegue tomar melhores decisões e formular políticas superiores no futuro. Esses elementos devem ser tratados como marcos importantes do seu sistema de compliance.
4. Mantenha sua documentação atualizada
Não basta só criar os documentos, você também deve atualizá-los de maneira frequente. Isso inclui arquivos de políticas, manuais de procedimentos, relatórios de auditoria, registros de incidentes e certificações de conformidade.
Isso não apenas vai facilitar provar seu compliance para os auditores e reguladores, como também vai agilizar a troca de conhecimento e a continuidade na sua empresa. Afinal, isso permite que todos os stakeholders tenham um entendimento claro dos requisitos e práticas de conformidade na sua organização.
5. Continue monitorando e atualizando medidas de conformidade
Como você já deve ter percebido, o compliance é um projeto contínuo e em constante evolução. Portanto, você deve continuar monitorando e atualizando suas medidas de conformidade.
É só desse modo que dá para garantir que seu ambiente de nuvem estará de acordo com os avanços tecnológicos e as legislações que os acompanham. Você deve conferir regularmente o estado e o desempenho do seu compliance.
Caso algo esteja saindo do planejado, é preciso revisar e melhorar as medidas de conformidade. Para isso, você pode se basear nos resultados de seus monitoramentos, em mudanças de padrões ou até nas necessidades da sua empresa.
Conclusão
Concluir a implementação do cloud compliance na sua organização não é apenas uma questão de atender requisitos legais, mas também uma estratégia necessária para a proteção e o sucesso do seu negócio.
Ao seguir as melhores práticas descritas neste artigo, sua organização estará mais bem preparada para mitigar riscos, proteger dados sensíveis e fortalecer a confiança dos clientes.
O compliance não deve ser visto como um obstáculo, mas como uma oportunidade de melhorar a governança, aumentar a competitividade e promover um relacionamento mais sólido com parceiros e consumidores. Implementá-lo com consistência é um passo fundamental para o crescimento sustentável e responsável no mercado digital.
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