Em um outro artigo aqui no blog publicado recentemente eu escrevi sobre o quão importante são os frameworks na definição de métricas ESG – Environmental, Social and Governance – e na padronização dos relatórios de sustentabilidade. Usar uma estrutura ESG específica ajuda as empresas a orientarem seus processos de relatório, mostrando para onde olhar, o que medir e como comunicá-lo.
Hoje há um grande número de estruturas ESG disponível, o que torna essa pauta um dos principais problemas dentro do universo de sustentabilidade – Falta de padronização. Embora muitas vezes se complementem, a necessidade de atender às necessidades de relatórios de vários padrões criou um transtorno para as empresas e para os investidores que precisam interpretar dados derivados de diferentes fontes e metodologias.
Global Reporting Initiative (GRI)
O GRI foi o primeiro framework criado e é o mais utilizado no mundo. Inicialmente, seus objetivos eram fornecer às empresas indicadores de práticas ambientais responsáveis. Posteriormente, as métricas foram expandidas para incluir direitos humanos, governança e bem-estar social.
Neste mesmo artigo relatei que, segundo a pesquisa KPMG de relatórios de sustentabilidade 2020, os padrões GRI são utilizados por cerca de três quartos (73%) do G250 – 250 maiores empresas do mundo – e por dois terços (67%) do N100 – 100 maiores empresas de 52 países diferentes totalizando 5200 organizações.
International Financial Reporting Standards (IFRS)
A Fundação IFRS é uma organização sem fins lucrativos criada para desenvolver um único conjunto de padrões de divulgação contábil e de sustentabilidade, sendo eles compreensíveis, facilmente praticáveis e globalmente aceitos.
Esses padrões, conhecidos por “padrões IFRS” ou IFRS Standards, são desenvolvidos por dois conselhos normativos, o International Accounting Standards Board (IASB), que define as Normas de Contabilidade IFRS, e o recém-criado International Sustainability Standards Board (ISSB), que define as Normas de Divulgação de Sustentabilidade das IFRS.
Em setembro de 2020, o IFRS Foundation emitiu um documento de consulta pública no qual discute sua possível contribuição com a emissão de normas de relatórios de sustentabilidade, visando prover maior transparência, padronização, comparabilidade e menos complexidade nas informações divulgadas pelas empresas.
Alinhamento entre estruturas
Várias iniciativas têm sido criadas para desenvolver uma estrutura que capture os melhores elementos de estruturas ESG já existentes, o que nos dá esperança de um cenário mais padronizado no futuro.
A colaboração entre estruturas demonstra um compromisso compartilhado com o alinhamento global dos requisitos de divulgação. Essa consolidação de informações permite relatórios consistentes por parte das empresas, o que aumenta a responsabilidade e impulsiona práticas comerciais responsáveis.
No dia 24 de março, a fundação IFRS e o GRI anunciaram um novo acordo para alinhar seus padrões de mercado de capitais e multissetoriais para divulgação de sustentabilidade. Com o acordo de colaboração, ambas as organizações vão juntar esforços na definição de um novo conjunto de normas, o que inclui também a junção de seus órgãos consultivos relacionados às atividades de relatórios de sustentabilidade.
“O acordo reflete a importância de garantir a compatibilidade e interconectividade de informações básicas de sustentabilidade focadas no investidor que atendam às necessidades dos mercados de capitais, com informações destinadas a atender às necessidades de uma gama mais ampla de partes interessadas.” – disseram as organizações no material enviado à imprensa.
Essa é mais uma boa notícia tanto para as organizações quanto para seus stakeholdes que buscam um padrão para reportar e comparar índices de sustentabilidade, favorecendo cada vez mais a transparência.
Você se interessou em aprender mais sobre ESG depois de ler este artigo? Então convido você a conhecer outros conteúdos que nós já elaboramos sobre este assunto aqui no blog!