Behavior-Based Safety (BBS): Como criar uma cultura de segurança e reduzir riscos na sua empresa
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Behavior-Based Safety (BBS): Como criar uma cultura de segurança e reduzir riscos na sua empresa

Publicado em 16 de Agosto de 2024

O Behavior Based Safety (BBS), ou Segurança Comportamental, é um processo que visa reforçar os comportamentos diários dos colaboradores e da liderança por meio de observações de segurança, reduzindo os riscos de acidentes no local de trabalho.

Seja qual for o tamanho da organização, a aplicação do BBS necessita de uma equipe dinâmica e inovadora, que avalie e implemente ações com o objetivo de aprimorar continuamente o sistema de gestão da segurança do trabalho.

A ideia é que os próprios funcionários consigam gerenciar a segurança ao identificar, compreender e medir os riscos. Posteriormente, espera-se que eles tomem ações que reduzam as chances de acidentes por meio da mudança de comportamentos.

É fundamental assegurar o comprometimento da alta direção e dos líderes, além da adesão dos trabalhadores da linha de frente. A participação entre todos é crucial para que haja alinhamento com os objetivos do programa — caso contrário, sua iniciativa de criar e manter um BBS provavelmente fracassará.

Durante o estágio inicial de planejamento do programa, reúna uma equipe de profissionais que já esteja familiarizada com a segurança baseada em comportamento para ajudá-lo no programa e determinar as medidas de sucesso.

Como surgiu o behavior-based safety

O processo de BBS surgiu com o trabalho de Herbert William Heinrich, um pioneiro no ramo de segurança industrial. Ele promoveu pesquisas que resultaram na teoria de que até 95% dos acidentes em ambientes de trabalho são causados pelo que ele chama de “atos ou comportamentos inseguros”.

Seus esforços levaram à publicação do seu principal livro: “Prevenção de Acidentes Industriais – Uma Abordagem Científica”. Seus escritos chegaram ao mercado em 1931, transformando a visão que se tem de segurança do trabalho desde então.

No livro, Heinrich buscou determinar a frequência de acidentes de trabalho em empresas dos Estados Unidos na época. A partir de uma análise dos dados obtidos, ele concluiu o seguinte: para cada 300 acidentes laborais que não resultam em lesão, 29 acabam em machucados leves e um acaba em consequências graves.

A partir disso, ele passou a encorajar os empregadores a controlarem os elementos de perigo de suas fábricas, ao invés de focar no comportamento dos trabalhadores. Até então, os funcionários eram responsabilizados como únicos culpados de seus acidentes — sem levar em conta os riscos a que foram expostos.

Evolução para o behavior-based safety

Com o passar das décadas, as ideias de Heinrich foram evoluindo. O engenheiro Frank Bird Jr., por exemplo, desenvolveu a Pirâmide de Bird com base em seus estudos.

Ele avaliou 90 mil acidentes de trabalho ocorridos entre 1959 e 1966 na siderúrgica Luckens Steel. A partir dessa avaliação, ele concluiu a taxa de 100 machucados leves e um grave para cada 500 acidentes sem contusão.

O termo “behavior-based safety” teria sido criado por Gene Earnest e Jim Palmer, dois profissionais da área de segurança do trabalho. Isso aconteceu na década de 1970, quando eles buscavam uma maneira de reduzir as lesões na Proctor & Gamble, empresa em que trabalhavam.

Outros importantes pesquisadores da área foram E. Scott Geller e Dan Petersen. O segundo escreveu 17 livros sobre a temática antes de seu falecimento, em 2007. Dependendo de para quem você perguntar, Dan Petersen também é creditado como inventor do BBS.

Benefícios do BBS

A segurança baseada em comportamento é uma abordagem proativa que foca em identificar as atitudes que resultam em acidentes e lesões. Isso permite que as organizações atinjam melhorias significativas no seu desempenho de segurança, na redução de acidentes e na promoção de uma cultura positiva de segurança.

Em um bom programa de BBS, os colaboradores têm um papel ativo na identificação e resolução de riscos de saúde. Essa participação não apenas incentiva a criação de um ambiente de trabalho mais seguro, como também possibilita uma cultura de responsabilidade coletiva.

Os principais benefícios do programa de BBS incluem:

  • Visão compartilhada da cultura “zero acidentes”;
  • Redução significativa de acidentes;
  • Envolvimento dos colaboradores e trabalho em equipe;
  • Reforço positivo ao invés de responsabilização dos erros;
  • Consolidação de uma cultura eficiente em segurança;
  • Envolvimento e apoio direto e ativo da alta direção e níveis gerenciais.

Pilares do behavior-based safety

O BBS possui sete pilares principais que precisam ser seguidos por sua organização na busca pela eliminação dos acidentes de trabalho. Eles foram desenvolvidos com base em três elementos descritos pelo pesquisador E. Scott Geller: fatores pessoais internos, fatores ambientais externos e fatores comportamentais.

Esses aspectos precisam estar presentes a todo o momento para que sua empresa tenha uma cultura de segurança total. Isso tudo compõe uma abordagem integrada que utiliza tanto o comportamento individual quanto o organizacional para chegar no resultado desejado.

Veja os sete pilares do behavior-based safety:

  1. Identificação de influências externas. Reconheça fatores como ambiente de trabalho, ferramentas e dinâmicas sociais que impactam os comportamentos dos funcionários.
  2. Enfatização de resultados positivos. Destaque e reconheça comportamentos positivos, encorajando os colaboradores a continuarem tomando essas atitudes.
  3. Exploração de possibilidades diversas. Tenha abertura a diferentes abordagens e teste novas ideias de maneira contínua. Use os dados coletados para validar suas hipóteses e refinar o seu programa.
  4. Emoções e perspectivas dos colaboradores. Considere as atitudes e os sentimentos dos seus funcionários quando estiver criando seu programa BBS. Crie um ambiente de apoio e lide com as preocupações dos seus empregados.
  5. Intervenções comportamentais visíveis. As ações devem ser claras e facilmente observáveis. Isso garante que os colaboradores vão entendê-las e saber quais comportamentos estão sendo encorajados.
  6. Ações passadas como guia. Antecedentes são gatilhos que provocam comportamentos específicos. Ao tomar atitudes positivas, você pode direcionar seus funcionários a tomar atitudes benéficas a todos.
  7. BBS quantificável e imparcial. Seu programa deve ter métricas claras para medir o sucesso e estar livre de parcialidades. Isso garante que ele será justo e efetivo aos olhos de todos.

Como implementar um programa de behavior-based safety

Para implementar um programa de segurança eficaz baseado em comportamento, sua organização deve estabelecer uma cultura de segurança que siga os seguintes passos:

1. Observação

Nessa etapa, avalia-se como os funcionários cumprem suas tarefas no dia a dia. Os observadores precisam ser funcionários que tenham treinamento em conduzir análise de segurança no local de trabalho e tenham experiência nas tarefas que estão observando.

É importante que toda a organização esteja ciente de qual será o período de observação. Isso evita que a situação seja qualificada como uma “armadilha” perante os funcionários.

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2. Check list

Um formulário de check list de verificação pode ajudar a orientar os observadores com foco nas ações, abordagens e atitudes dos funcionários.

Essa lista de verificação deverá ter perguntas associadas ao contexto de um programa de segurança baseado no comportamento. Alguns assuntos abordados poderão ser as ações e decisões dos funcionários em relação a ergonomia, equipamentos de proteção individual (EPI), ferramentas e equipamentos, área de trabalho, procedimentos, proteção contra quedas e uso de produtos químicos.

3. Feedback

O feedback deve ser dado durante ou após a observação. Elogiar o bom comportamento encoraja as pessoas a continuarem com essas práticas. Da mesma forma, o observador pode interromper e corrigir comportamentos indesejados ou inseguros à medida que os observa. Com isso, ajuda-se a romper as barreiras dos maus hábitos.

Incentive os observadores a manterem uma comunicação clara com os trabalhadores, registrando os motivos que levaram estes profissionais a terem comportamentos inseguros.

Após a finalização da observação e o compartilhamento do feedback em sua totalidade, o observador deve enviar os comentários daquele período para a equipe apropriada. Ela então tomará ações para garantir que o bom comportamento continue.

É importante lembrar que o objetivo de um programa BBS é corrigir ao invés de punir comportamentos inseguros.

4. Metas

Como em qualquer programa, a aplicação de metas é uma atividade essencial para garantir sua eficácia. Alguns objetivos que podem ser aplicadas ao seu programa incluem redução de incidentes que poderiam ter causado acidentes ou ter 100% dos funcionários utilizando seus equipamentos de proteção individual (EPI) corretamente.

O importante aqui é que as metas sejam mensuráveis e tangíveis. Ter objetivos gerenciáveis com um plano de ação aumentará a probabilidade de um programa BBS ser um sucesso e garantirá o envolvimento de todos.

Conclusão

Concluir a implementação de um programa de behavior-based safety (BBS) não é apenas o fim de um processo, mas o início de uma jornada contínua em direção à excelência em segurança no trabalho.

Ao adotar o BBS, sua empresa se compromete a criar uma cultura onde cada colaborador se torna um defensor ativo da segurança, identificando riscos e adotando comportamentos seguros como parte natural de sua rotina diária.

O sucesso do BBS depende de um esforço coletivo e contínuo, no qual todos estão comprometidos com a meta comum de reduzir incidentes e promover um ambiente de trabalho mais seguro.

Com a aplicação consistente dos pilares do BBS, feedback regular e metas claras, sua empresa poderá reduzir os índices de acidentes e fortalecer a cultura de colaboração em todos os níveis da organização.

Em suma, ao implementar o BBS, você investe num futuro em que a segurança é parte integrante do DNA da sua empresa, criando um ambiente de trabalho mais seguro, produtivo e sustentável para todos.

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Sobre o autor
Camilla Christino

Camilla Christino

Camilla Christino é Analista de Produto e Mercado da SoftExpert, formou-se em Engenharia de Alimentos no Instituto Mauá de Tecnologia. Detém sólida experiência na área de qualidade em indústrias de alimentos com foco em acompanhamento e adequações de processos de auditorias interna e externa,documentação do sistema de gestão da qualidade (ISO 9001, FSSC 22000, ISO/IEC 17025), Controle da Qualidade, Assuntos Regulatórios, BPF, APPCC e Food Chemical Codex (FCC). Ela também é certificada como auditora líder na norma ISO 9001:2015.

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