Risco operacional diz respeito ao potencial de perdas provenientes de inadequações ou falhas causadas por pessoas, sistemas, processos internos ou eventos externos. É o risco inerente às atividades diárias de uma organização, fator que o diferencia dos riscos estratégicos e financeiros.
Esse tipo de risco não é sistemático e nem está ligado a apenas um tipo de empresa ou alguma indústria. Ele permeia cada organização, podendo levar tanto a perdas financeiras diretas quanto a danos indiretos à sua reputação.
A Gestão de Risco Operacional (ORM na sigla em inglês) é a prática da identificação proativa, que vem seguida pela avaliação e pela mitigação desses riscos. Seu objetivo principal é proteger a organização ao reduzir os riscos a um nível aceitável através da utilização de um framework estruturado.
Neste artigo, vamos explorar as principais fontes de risco operacional, detalhar os tipos mais comuns e apresentar as principais métricas para medi-lo e monitorá-lo de forma eficaz.
Qual é a diferença entre riscos operacionais, estratégicos e financeiros?
Dentro do complexo cenário da gestão de riscos corporativos, é crucial diferenciar entre as categorias primárias que podem impactar a sua organização. Eles geralmente estão conectados, mas se originam de fontes diferentes e exigem abordagens de gestão distintas.
Entender essas distinções é o primeiro passo para a criação de um framework de gestão de risco centrado e eficaz. A confusão entre esses tipos de riscos pode levar a alocações de recursos incorretas e estratégias de mitigação inadequadas.
Um problema enraizado nas operações diárias não pode ser resolvido com uma mudança estratégica de alto nível. Do mesmo modo, uma crise de liquidez financeira não será consertada com uma simples melhoria dos controles internos.
Risco operacional
Risco operacional é o risco de perdas resultantes da execução das funções de negócio de uma empresa. Ele diz respeito às falhas internas relacionadas a pessoas, processos e sistemas — assim como eventos externos que atrapalham operações diárias.
Exemplos incluem erros de funcionários, falhas de tecnologias, fraudes internas e uma interrupção na cadeia de suprimentos devido a um desastre natural. O risco operacional diz respeito a como as tarefas e operações são executadas dentro de uma organização.
A gestão desse tipo de risco é inerentemente defensiva, com foco na criação de resiliência através do controle de procedimentos internos. Com isso, se protege a lucratividade da empresa e a sua reputação frente à ameaça das falhas operacionais.
Risco estratégico
O risco estratégico é o potencial de perdas decorrentes de estratégias de negócio mal-sucedidas ou da falha em se adaptar às mudanças no ambiente externo. Ela abrange decisões de longo prazo sobre a direção da empresa.
Essas decisões incluem coisas como a entrada em novos mercados, o lançamento de novos produtos ou a resposta a novos concorrentes. A sua gestão é, por definição, ligada à diretoria e à tomada de decisões dos c-levels.
Ao contrário do risco operacional, que diz respeito à execução, o risco estratégico fala sobre a direção da companhia em si. Uma empresa costuma tomar um risco estratégico de maneira voluntária para perseguir uma recompensa maior, mas erros nessa área podem levar a uma perda significativa de espaço no mercado.
Risco financeiro
Risco financeiro se refere especificamente à possibilidade do fluxo de caixa da empresa se mostrar inadequado para o cumprimento de suas obrigações financeiras, como o pagamento de empréstimos e outras dívidas. Ele diz respeito principalmente a fatores como a estrutura de capital, a liquidez e a exposição a variáveis do mercado financeiro (como taxas de juros e flutuações cambiais).
Problemas operacionais podem levar a dificuldades financeiras, mas o risco financeiro se diferencia pelo seu foco no financiamento de dívidas e na alavancagem monetária. Ele avalia se a empresa consegue manter-se solvente, mesmo que suas operações diárias não estejam indo bem.
Ou seja, a diferença fundamental entre esses três riscos está no seu foco:
- O risco operacional diz respeito ao funcionamento interno da empresa.
- O risco estratégico fala sobre a direção e escolhas de longo prazo da organização.
- O risco financeiro trata da saúde e da estrutura financeira da companhia.
Uma organização resiliente deve ter estratégias dedicadas para monitorar e gerir esses três tipos de risco em conjunto.
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Quais são os sete tipos de risco operacional que todo negócio enfrenta?
O risco operacional não é uma ameaça monolítica, mas sim uma categoria composta de diversas vulnerabilidades distintas e interconectadas. Para geri-lo de maneira efetiva, primeiro é preciso entender as principais maneiras como ele se manifesta.
Eles se dividem em sete principais tipos, que permitirão um mapeamento abrangente do cenário de risco operacional. Eles geralmente são categorizados por frameworks como o Basel Committee on Banking Supervision (BCBS).
A capacidade de reconhecer essas categorias fará com que o seu negócio possa sair de uma postura reativa para uma postura proativa, permitindo a implementação de controles direcionados para cada área específica. Isso permite evitar que as ameaças passem batidas em meio à complexidade das operações diárias.
Estes são os sete principais tipos de risco operacional que todo negócio enfrenta:
- Fraude interna. Representa perdas derivadas de fraudes por partes internas. Por exemplo, pode ser um funcionário intencionalmente ignorando controles internos para desviar ativos, cometer roubo ou se envolver em atividades maliciosas para ganho pessoal.
- Fraude externa. Envolve perdas causadas por partes externas no cometimento de crimes contra a organização. Inclui ciberataques, roubos, falsificações e tentativas sistemáticas de subornar funcionários para ganhar uma vantagem indevida.
- Falhas tecnológicas. Engloba perdas advindas de interrupções no funcionamento de hardware, software e outras interfaces críticas entre eles. Pode ser uma simples queda de servidor ou bugs significativos no sistema, mas que resultam em falhas de segurança ou na paralisação das linhas de produção.
- Problemas de entrega. Também inclui dificuldades na gestão de processos e acontece quando fluxos de trabalho internos são ineficientes, falhos ou mal-executados. Isso ocorre quando a gestão falha em avaliar a situação da maneira correta e emprega a estratégia errada, levando a gargalos operacionais.
- Segurança dos trabalhadores. Cobre riscos relacionados ao bem-estar e à gestão dos colaboradores. Trata de violações dos protocolos de segurança, condições de trabalho inadequadas que afetam a saúde dos funcionários e disputas que surgem a partir de práticas trabalhistas injustas.
- Desastres naturais. Ameaça de interrupções operacionais a partir de eventos ambientais. Ocorrências como incêndios, inundações e terremotos podem danificar infraestrutura crítica e impossibilitar que os trabalhadores executem suas tarefas.
- Clientes, produtos e práticas de negócios. Envolve perdas decorrentes de danos causados a clientes ou parceiros de forma negligente ou não intencional. Inclui a venda de produtos defeituosos, compartilhamento de informações enganosas ou falha no cumprimento dos requisitos regulatórios. Isso tudo pode levar a processos judiciais e dano à reputação.
A compreensão desses sete tipos de risco operacional é fundamental para construção de uma organização resiliente. Ao lidar de maneira sistemática com cada uma dessas categorias, a sua empresa pode desenvolver uma defesa robusta contra incertezas que ameaçam seu crescimento e sua estabilidade.
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Que métricas usar para medir riscos operacionais?
A gestão efetiva do risco operacional depende da sua organização ter a coragem de abandonar os medos qualitativos e abraçar os fatos quantitativos. Sem dados concretos, é impossível avaliar exposição aos riscos, priorizar recursos ou demonstrar a eficácia dos seus esforços de mitigação.
Com as métricas corretas, sua equipe pode antecipar e evitar perdas financeiras. Elas funcionam como um sistema de alerta precoce e oferecem uma linguagem consistente para relatar riscos para gestores sênior e diretores.
Acompanhando os indicadores certos, as organizações podem adotar uma gestão de riscos proativa. Isso garante que as decisões sejam informadas, oportunas e estejam alinhadas com os objetivos estratégicos da empresa.
Key Risk Indicators (KRIs)
Também conhecidos como Indicadores-Chave de Risco, os KRIs são métricas prospectivas que sinalizam um aumento na exposição ao risco em diversas áreas da organização. Eles permitem que você receba alertas antes que um evento de risco significativo se materialize.
Exemplos de KRIs são quantidade de incidentes de segurança de TI, rotatividade de funcionários e quantidade de pendências no processamento de transações. Ao contrário do que geralmente acontece com os Indicadores-Chave de Desempenho (KPIs), os KRIs permitem que a gestão interfira com antecedência.
Autoavaliação de Risco e Controle (RCSA)
Com uma sigla em inglês que significa “Risk and Control Self-Assessment”, trata-se do processo fundamental de documentar e avaliar os riscos operacionais da organização. Ao avaliar os controles projetados para mitigar esses riscos, suas unidades de negócio podem usar a RCSA para identificar suas principais exposições a risco e a efetividade das atividades para contê-los.
O resultado dessa autoavaliação é um registro de risco abrangente que traça um quadro claro do perfil da empresa. O processo de Risk and Control Self-Assessment promove a responsabilização ao designar proprietários para riscos específicos.
Ele requer uma avaliação tanto do risco inerente (antes dos controles) quanto do risco residual (depois dos controles). Essa avaliação contínua ajuda a definição de um orçamento para iniciativas na área e garante que toda a organização terá uma compreensão constante dos seus principais riscos.
Matriz de risco
A matriz de risco é uma ferramenta visual usada para mapear e priorizar os riscos identificados com base na probabilidade de eles ocorrerem e no seu impacto potencial. Ao criar uma escala comum, ela permite que a organização compare riscos distintos em um único gráfico.
Essa visualização faz com que seja fácil de comunicar a stakeholders quais riscos requerem atenção e a alocação de recursos imediatos. A matriz geralmente categoriza riscos em zonas, como verde (aceitável), amarelo (requer monitoramento) e vermelho (requer ação imediata).
Essa priorização é crucial para o estágio de mitigação de risco, pois garante que as ameaças mais severas e prováveis receberão atenção antes. O resultado é uma alocação de recursos mais bem otimizada.
Tecnologia GRC
Plataformas modernas de Governança, Risco e Compliance (GRC) tiram proveito de software especializado para automatizar e integrar processos de gestão de riscos. Esses sistemas consolidam os dados de avaliações de risco, atividades de controle e monitoramento de compliance num framework unificado.
Essas soluções oferecem capacidade de monitoramento contínua e geram relatórios de conformidade em tempo real, com o uso de alertas automatizados e painéis centralizados. Isso permite que as organizações mantenham aderência regulatória contínua, agilizem sua preparação para auditorias e apoiem a tomada estratégica de decisões com inteligência de risco consolidada.
Esse é o caso do SoftExpert GRC, uma plataforma impulsionada por IA que centraliza e automatiza as atividades de governança, risco e compliance. A solução oferece uma única fonte de verdade ao integrar dados de avaliações de risco, monitoramento de controles e descobertas de auditoria, substituindo processos manuais e desconexos.
Um sistema de medição robusto para o risco operacional não depende de uma única métrica, mas de um conjunto de ferramentas sinérgico. Os KRIs oferecem os sinais iniciais, a RCSA oferece a avaliação estruturada, a Matriz de Risco permite uma clara priorização. Para completar, a tecnologia de GRC une tudo isso com eficiência e insights avançados.
Juntas, estas métricas capacitam uma organização a dominar os seus riscos.
Conclusão
O risco operacional é um fator determinante para a resiliência e a longevidade de qualquer empresa. Para dominá-lo, é preciso ir além do simples cumprimento da conformidade e abraçar uma cultura de vigilância focada na melhoria contínua.
O uso integrado de KRIs, RCSA e matrizes de risco vai lhe dar a estrutura necessária para antecipar e controlar essas ameaças. Quando é impulsionada por uma tecnologia GRC moderna como o SoftExpert GRC, essa abordagem transforma a gestão de risco num facilitador estratégico.
Em última análise, um programa de gestão de risco operacional robusto vai proteger os seus ativos e construir uma base para conquistar a confiança dos stakeholders. Organizações que se destacam nesta disciplina não somente são mais seguras, como também estão melhor posicionadas para o crescimento sustentável.
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FAQ – Perguntas Frequentes sobre risco operacional
A seguir, vamos responder às dúvidas mais comuns sobre a temática de risco operacional:
O risco operacional é a possibilidade de perdas resultantes de falhas em pessoas, processos, sistemas ou de eventos externos que impactam as operações diárias de uma empresa. Ele é considerado um “inimigo invisível” porque está intrinsicamente ligado às atividades rotineiras da organização, podendo surgir de formas sutis e inesperadas, o que o torna uma ameaça constante e nem sempre aparente.
As principais fontes incluem falhas humanas, como erros ou fraudes internas, e inadequações em processos ou sistemas de tecnologia. Adicionalmente, eventos externos imprevisíveis, como desastres naturais ou interrupções na cadeia de fornecedores, também representam fontes significativas de risco que podem paralisar operações.
A medição eficaz pode ser feita através de Indicadores-Chave de Risco (KRIs), que sinalizam o aumento da exposição ao risco, e da Autoavaliação de Risco e Controle (RCSA), que identifica e avalia a efetividade dos controles internos. Ferramentas como a matriz de risco para priorizar ameaças e plataformas de Governança, Risco e Compliance (GRC) para consolidar dados também são essenciais para um monitoramento contínuo e proativo.
A negligência pode levar a perdas financeiras diretas, decorrentes de fraudes ou paralisações operacionais, e a danos indiretos e muitas vezes irreparáveis à reputação e à confiança dos stakeholders. Empresas que falham em gerenciar proativamente esses riscos tornam-se vulneráveis a crises que podem comprometer sua estabilidade e crescimento a longo prazo.







