Conforme a COVID-19 avançava ao redor do mundo, empresas assistiam de forma sem precedente suas cadeias de suprimentos serem interrompidas. A crise impactou fortemente o setor logístico, desde a oferta e demanda até a mão de obra. Relatos apontam que em alguns setores até 75% de operação foi interrompida .
Grandes varejistas em todo o mundo foram obrigados a fechar suas portas por um período indeterminado, causando uma desaceleração da demanda dos consumidores. O segmento de transporte de passageiros desapareceu quando companhias de transporte aéreo e terrestre viram suas frotas inteiras serem paradas. Os trabalhadores de logística se viram isolados dos centros produtivos com os bloqueios acontecendo em todo o mundo. O governo não tardou a formar coalizões com fornecedores de bens essenciais e o setor logístico para garantir o abastecimento e agilizar a entrega de equipamentos médicos. Os meios de escoamento da produção se viram ociosos por semanas enquanto aguardavam novos processos de liberação da quarentena. Enquanto isso, fabricantes buscam maneiras de descentralizar sua operação por meio de múltiplos fornecedores e novos meios de distribuição. O objetivo é criar resiliência na cadeia de suprimentos.
Conforme a economia vai abrindo e empresas começam a se recuperar, identificamos ideias e tendências percebidas no setor de logística e na cadeia de suprimentos. Compartilho abaixo o que temos visto, use essas informações para elaborar o seu próprio plano de reabertura com segurança.
Atenção redobrada aos processos de saúde e segurança
A crise criou novas necessidades de conformidade para os fornecedores do setor logístico. Conforme regulamentos surgem, de um dia para o outro, as expectativas da população e do governo quanto às responsabilidades empresariais aumentam. Tanto o governo nacional, como o estadual e municipal estão constantemente emitindo diretrizes de atuação no combate à crise, e as interações corporativas estão sendo minuciosamente avaliadas no aspecto de segurança. Á medida que a economia começa a reabrir, todos os atores envolvidos no processo de fabricação, distribuição e comercialização percebem o papel vital dos processos de segurança para a resiliência da cadeia de suprimentos.
Avanço da digitalização e disparada dos e-commerces
Desde o isolamento social, a partir março deste ano, vivenciamos a oportunidade de avanço forçado de digitalização da economia. O fato é que, da manufatura ao setor de saúde, todos os setores estão reavaliando os modos de produção e atendimento ao cliente .
A ascensão do e-commerce é um ponto que pode ser observado claramente em todas as regiões do Brasil. Empreendedores estão usando da criatividade e migrando para lojas virtuais para atender seus clientes com segurança na porta de suas casas, bem como, supermercados estão adaptando os esforços logísticos para atender à alta demanda. Este é o reflexo da necessidade de dar resposta aos clientes por meio das plataformas virtuais de maneira eficaz.
Visando a segurança da população, até o setor de meios de pagamento está passando por transformações que exigem o uso da tecnologia, evitando assim que o vírus se espalhe através das cédulas impressas.
No Brasil, há 20 anos, o e-commerce vem crescendo de forma consistente e, do ponto de vista dos consumidores, a transformação também não deve ter um fim tão cedo e o e-commerce deve ganhar ainda mais adeptos após esse período de isolamento que estamos vivendo. Dessa forma, deve ganhar força durante os próximos anos como um modelo de atendimento eficaz.
Corrida para a automação
Poucos são os setores a passarem por esse momento sem transformações. Ter uma presença digital abre infinitas possibilidades para que empreendedores tenham mais de um canal de vendas durante a crise, onde a atuação online acaba sendo a única alternativa, porém, ela pode se tornar mais uma aliada à estratégia das empresas.
Com a internet, o empreendedor tem acesso a facilidades que nenhuma outra forma de venda possui: é possível começar a vender de forma rápida e simples, atingindo o público-alvo do negócio e sem a necessidade de investimentos altos.
Para empresas que ainda estão perdidas com todas essas mudanças e se vêem em meio a incertezas, uma boa saída é buscar a ajuda de empresas especializadas no ramo. Dessa forma, terá auxílio nas tomadas de decisões e acesso ao maior número de informações para que o investimento seja assertivo.
O Brasil é um país com população dispersa em seu grande território e com milhões de pequenos comércios. A consolidação do e-commerce, dos marketplaces e dos superapps deve ter um efeito bastante positivo na produtividade da economia. Uma vez que a barreira com o mundo digital é superada e as facilidades para o dia a dia são conquistadas, a tendência é que esse caminho seja seguido daqui em diante, com cada vez mais pessoas envolvidas no ambiente digital.
Para as empresas, o desafio é estar atento para oferecer as soluções corretas no tempo certo e colaborar para melhorar a vida dos consumidores por meio dos serviços digitais. Empresas que souberem aproveitar esse momento, certamente colherão resultados positivos não só agora, mas pelos próximos anos.
Processos que evitam o contato ganham espaço
Devido ao deslocamento e volume de interações entre pessoas no setor logístico, os trabalhadores nessa área estão altamente expostos ao vírus. Desde interações com pessoas e mercadorias internamente até conexões com outras empresas, o risco é exponencialmente maior do que outros setores. Consequentemente, as organizações de logística desempenham um papel essencial na redução da contaminação.
Anteriormente, o contato entre recebimento e entrega de cargas acontecia no procedimento tradicional. Os trabalhadores verificavam os documentos de identificação e preenchiam a papelada necessária para o recebimento da mercadoria. Agora, a prioridade que antes era prioritariamente na segurança das remessas passa a contemplar muito mais a segurança dos trabalhadores envolvidos na operação. As entregas ocorrem com o mínimo de interação e contato possível. O objetivo é um só: aumentar a segurança dos envolvidos reduzindo a chance de contaminação.
A necessidade de múltiplos fornecedores
A interrupção inesperada nas cadeias de suprimentos deixou boa parte das empresas desesperadas para encontrar fornecedores capazes de suprir a demanda. As relações entre cliente e fornecedor foram testadas como nunca antes durante a crise. Baixos níveis de estoque deixaram os fornecedores com uma dura decisão de quais pedidos atender. A compra por clientes prioritários e o governo de suprimentos já reservados rodaram os noticiários e fizeram com que o preço de insumos básicos de saúde como máscaras disparassem. Como os fornecedores existentes não conseguiram atender ao volume de pedidos, novos fornecedores surgiram e indústrias adaptaram seu parque fabril para produção de produtos escassos como álcool e respiradores.
As empresas passam, agora, a ter mais fornecedores para escolher, incluindo os que ajudaram a manter a produção na crise. E como aprendizado podem optar por ter mais de um fornecedor de um mesmo insumo, aumentando sua resiliência em um cenário semelhante. Como a escassez durante a crise impactou diretamente o preço de determinadas mercadorias, os contratos também devem ser revistados, à medida que as empresas voltam ao normal. As expectativas para fornecedores devem melhorar e muito com a retomada econômica e a demanda reprimida.