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A transformação digital no Brasil: setores regulamentados precisam ir além da tecnologia

Empresas em ambientes regulados precisam de estratégias sólidas para aliar inovação e compliance. É necessário ir além da barreira tecnológica e saber como unir ferramentas, cultura de inovação e conformidade. Somente assim poderão ir além da transformação superficial e agregar tecnologias.

Publicado em 14 de Agosto de 2025
14 min de leitura

Em setores como saúde, financeiro e energia, a tecnologia é vital para manter a competitividade. Ainda assim, essas empresas enfrentam desafios singulares para colocar em prática a transformação digital no Brasil.

Estudos da McKinsey indicam que companhias líderes em maturidade digital no país registram crescimento de Earnings Before Interest, Taxes, and Amortization (EBITA) até 3 vezes maior que suas concorrentes. Porém, ao mesmo tempo, a propagação dessa maturidade ainda é moderada: o Índice de Transformação Digital Brasil (ITDBr) médio das empresas passou apenas de 3,3 em 2023 para 3,7 em 2024 (em escala de 1 a 6).

No caso de setores intensamente regulados, como Saúde, houve um aumento de 3,0 para 3,5. Isso mostra que há espaço para que a digitalização possa ser uma grande aliada na busca pela governança e conformidade. No entanto, esse movimento ainda é embrionário. 

Cerca de 31% das indústrias brasileiras ainda não adotaram uma tecnologia digital. Esses dados indicam que, embora haja avanços, empresas em ambientes regulados ainda precisam de estratégias sólidas para aliar inovação e compliance. É preciso ir além da barreira tecnológica e saber como unir ferramentas, compliance e cultura de inovação.

Somente assim as companhias poderão ir além da transformação superficial e conseguir agregar tecnologias e soluções que levem suas operações ao próximo nível. E para isso, é fundamental entender quais são as armadilhas que a sua empresa deve evitar. 

As tendências de conformidade que todo líder deve saber em 2025

Os desafios da conformidade na transformação digital em indústrias 

Integrar inovação e conformidade é um grande desafio. É difícil lidar com assuntos regulatórios em mercados de intensa regulamentação. Acompanhamentos de auditorias rigorosas, por exemplo, podem atrapalhar a eficiência e a adoção de novas tecnologias. 

Simultaneamente, isso obriga que as empresas estejam sempre com seus processos atualizados. Ou seja, padrões estritos (como leis sanitárias, de dados, financeiras etc.) e frequentes fiscalizações podem reduzir a agilidade operacional, exigindo investimentos constantes em governança para que não surjam gargalos. 

Deixar isso de lado é um dos grandes perigos para a transformação digital nesse tipo de mercado — e, ainda assim, é algo muito frequente no Brasil. Segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral em parceria com a PwC, as empresas brasileiras dão cada vez mais relevância à inovação, mas essa maturidade continuará em níveis baixos enquanto não houver estratégia de governança adequada. 

Um exemplo disso é a ainda frequente falta de alinhamento entre áreas técnica, jurídica e operacional na indústria brasileira (o que é ainda mais perigoso em setores regulados). Muitas empresas enfrentam dificuldades para incorporar a transformação digital aos seus projetos existentes: 51% dos executivos citam problemas de integração de iniciativas digitais, e 50% dizem ter dificuldade em estruturá-las em um processo contínuo, de acordo com o Índice de Transformação Digital

Além disso, custos de compliance e riscos de não conformidade elevam a aversão a mudanças. No Índice de Prontidão Digital 2024, o Brasil ficou em 84º lugar em “qualidade regulatória” entre 133 países, evidenciando os entraves legais e burocráticos existentes no país. Ao olhar para esses dados, fica nítido que gestores devem planejar cuidadosamente as mudanças que serão realizadas e, mais do que isso, se antecipar às exigências legais ao adotar novas tecnologias. 

A tecnologia deve caminhar ao lado da inovação regulatória e da conformidade 

Para enfrentar esses desafios, plataformas especializadas têm papel-chave. No caso da SoftExpert, por exemplo, a nossa estratégia combina gestão de documentos, processos, riscos, qualidade, controle de mudanças e validação de sistemas em uma solução única. 

Dessa forma, permitimos que empresas possam obter conformidade com as principais normas globais em diversos setores sem deixar de lado o desejo de inovar e automatizar. Foi o caso da Frilabo, empresa portuguesa com mais de 25 anos de experiência, especializada em soluções laboratoriais e serviços de metrologia. 

Graças ao SoftExpert Suite, a companhia pode automatizar processos críticos, como controle de mudanças, gestão de não conformidades, calibração de equipamentos e treinamento de pessoal, e assim alcançou mais transparência e agilidade na tomada de decisões. 

Mas não basta facilitar tarefas e impulsionar a conformidade regulatória. A verdadeira transformação digital transporta para o agora aquelas tendências que parecem pertencer ao amanhã. Por exemplo, a nossa solução permite aplicar a Inteligência Artificial (IA) para entender como é a performance dos produtos/serviços e assim permitir que as empresas possam agir em cima disso. 

Na prática, isso significa digitalizar 100% da gestão documental (POPs, ITs, manuais de qualidade etc.), facilitando auditorias e garantindo trilhas de auditoria automatizadas, por exemplo. 

São iniciativas digitais como essas que podem reduzir em até 50% o tempo gasto em inspeções e auditorias, enquanto a automação de processos eleva a produtividade em cerca de 40%. Tais ganhos operacionais são fundamentais para que líderes e gestores possam justificar o investimento em tecnologia. 

Portanto, ao adotar plataformas de conformidade digital, empresas de setores fortemente regulamentados contam com maior rastreabilidade e segurança nos processos de gestão da qualidade, assim aumentando o compliance legal na sua operação como um todo. 

Guia definitivo: IA na gestão da qualidade

Unindo soluções digitais a estratégias de negócio 

O sucesso da jornada digital depende de utilizar tecnologias-chave de forma estratégica e alinhada aos benefícios de negócio de uma companhia. Os pilares dessa estrutura serão principalmente a IA, o Big Data e outras ferramentas de coleta e análise de dados. Essas tecnologias permitem transformar o grande volume de informações em insights de risco, qualidade e performance com facilidade e agilidade. 

No Brasil, 67% das empresas já consideram a inteligência artificial entre as cinco maiores prioridades estratégicas para 2025, de acordo com uma pesquisa da Bain & Company. O uso de IA generativa, em particular, domina esse crescimento: o mesmo estudo mostra que um quarto das companhias brasileiras tem ao menos um caso de uso baseado nessa ferramenta

A Internet das Coisas (IoT) também ganha força: a utilização de sensores e dispositivos conectados permite rastrear ativos críticos em tempo real, o que é essencial em ambientes regulados. Aparelhos IoT alimentam big data analytics, tornando possível, por exemplo, executar a manutenção preditiva em equipamentos médicos ou controlar remotamente parâmetros de produção em linha farmacêutica. 

Além disso, plataformas de cloud computing seguras e o uso de modelos em data lakes fazem parte das ferramentas que colocam a tecnologia no centro da transformação digital em mercados regulados e que servem à visão de mercado e às estratégias de negócio das companhias. Graças a essa união entre tech e business, líderes adotam metodologias ágeis de implementação, metas claras e governança dedicada, como comitês multidisciplinares de inovação e compliance. 

A cultura de inovação é peça chave para a transformação digital no Brasil 

Para além de se apoiar em tecnologia e visão de negócios, a transformação digital também depende da cultura organizacional. É ela que leva esse movimento em frente – e é a falta dela que pode colocar tudo isso a perder: a “cultura organizacional” é apontada como o maior obstáculo para a transformação digital no Brasil, de acordo com o Índice de Transformação Digital do Brasil 2024

A gestão de pessoas é um dos maiores cuidados nesse sentido. É preciso começar pela aptidão para lidar com a tecnologia e tirar proveito dela. Na prática, isso envolve engajar equipes mostrando os benefícios concretos que ela oferece e simplificar a adoção de aplicações e ferramentas. Eu recomendo o princípio “menos é mais”: iniciar com projetos-piloto de baixo risco e alto impacto, assim garantindo ganhos rápidos e aprendizados valiosos. 

A gamificação e outros incentivos podem aumentar a adesão dos colaboradores, demonstrando que a inovação traz vantagens (como redução de tarefas manuais repetitivas, por exemplo). Além disso, os líderes devem comunicar claramente o propósito da mudança, conectando os novos processos às metas de compliance e qualidade da companhia. 

A própria tecnologia pode ser empregada para monitorar esse engajamento: por exemplo, utilizar a IA para analisar logs de uso natural de sistemas, identificando padrões de adoção e a necessidade de treinamentos adicionais. 

E o mais importante: não se esqueça que cultivar uma cultura digital resiliente requer paciência, treinamento e abertura para feedback, mantendo as equipes informadas e participativas em cada etapa. Sem pessoas, não há tecnologia verdadeiramente útil. 

Estudos mostram que 70% das organizações globais reconhecem a transformação digital como investimento crítico, no entanto, 75% relatam dificuldade em mensurar o sucesso. Ou seja: a tecnologia por si só não trará sucesso; é essencial ter métricas alinhadas a objetivos de negócio para, assim, tirar o máximo proveito dessas ferramentas. 

Radar da inovação: guia para avaliar e priorizar tendências

As oportunidades que esperam quem se destaca na transformação digital em indústrias regulamentadas 

Quando bem aplicada, a transformação digital traz excelência operacional, vantagem competitiva e impactos diretos no resultado de negócio. As companhias que conseguem unir inovação e compliance alcançam processos padronizados, segurança digital e conformidade com as principais normas e agências de diversos setores, fortalecendo sua governança corporativa, reduzindo riscos legais e protegendo sua reputação no mercado. Esse alinhamento gera também maior valorização da empresa perante investidores, que reconhecem a solidez de controles e a capacidade de resposta a exigências regulatórias. 

Na prática, isso significa alcançar maior eficiência (menos erros operacionais), mitigar riscos de não‑conformidade (com histórico e documentação acessível) e elevar o nível de controle interno, fundamentais para evitar penalidades e reduzir provisões para contingências. Além disso, a agilidade em atender a auditorias e a clareza nos relatórios reforçam a confiança dos acionistas e do conselho administrativo na condução dos negócios. 

Estudos corroboram esses ganhos: empresas que implementam IA generativa, por exemplo, têm reportado aumentos médios de 14% em produtividade e 9% em resultado financeiro. Além disso, com processos integrados, as organizações podem responder mais rapidamente a mudanças regulatórias, reduzindo multas, interrupções e potenciais danos à marca. 

Até mesmo em setores tradicionais, há também potencial para inovação de serviços que reforcem credibilidade junto ao mercado. Por exemplo, no mercado de Saúde, a integração de dados com IA permite monitorar a qualidade de atendimento e prever riscos clínicos, criando valor terapêutico, maior segurança para pacientes, o que se traduz em reputação aprimorada e ganhos de eficiência interna. 

Na indústria farmacêutica, soluções digitais em P&D aceleram o cumprimento de exigências como validações de sistemas GMP, otimizando o ciclo de desenvolvimento de medicamentos. No caso da companhia farmacêutica Apsen, ao utilizar a SoftExpert Suite, a empresa pode gerenciar mais de 767 procedimentos e 1.300 formulários gerenciados na plataforma, além de mais de 20 mil treinamentos online em quatro anos. 

Os erros mais comuns e o que aprender com eles 

Nas iniciativas de transformação digital em indústrias reguladas, existem armadilhas recorrentes. Muitas empresas esquecem que o ótimo é inimigo do bom ao perseguir a perfeição inicial. Assim, acabam não validando as soluções de forma incremental, carecem de melhoria contínua e deixam de criar rotinas de inovação que envolvam os colaboradores. 

Isso se traduz em implementar mudanças muito rapidamente (mesmo quando não há real urgência para isso) e, por isso, pular etapas básicas de testes e alinhamento. Os resultados nesses casos não poderiam ser piores: soluções são rejeitadas por usuários finais e projetos fracassam

Outra falha comum é não ouvir os stakeholders. Ignorar as necessidades de quem usará a tecnologia, sejam operadores, auditores ou fornecedores, por exemplo, leva a retrabalho e baixa adoção. 

Para evitar esses erros, busque envolver as equipes desde o planejamento (cocriação) dos projetos e estabeleça ciclos curtos de entrega (como no formato de sprints) com validação contínua. Além disso, alinhe cada projeto de transformação aos requisitos regulatórios já na concepção deles. Assim você pode reduzir resistências internas e garantir que a inovação não comprometa as exigências legais do seu mercado. 

O que esperar para o futuro da transformação digital no Brasil 

Se você ainda está se acostumando com todas as mudanças e quebras de paradigmas que a tecnologia vem apresentando nos últimos anos, prepare-se: o futuro próximo reserva avanços ainda mais disruptivos

A inteligência artificial seguirá em evidência; estima-se que, até 2028, mais de um terço dos aplicativos corporativos incorporará agentes de IA capazes de automatizar cerca de 15% das decisões diárias. Esses “agentes inteligentes” prometem acelerar tarefas de compliance, como triagem de documentos para auditoria ou análise de riscos em tempo real. Além disso, a expansão do IoT continuará, com sensores sofisticados e conectados que permitirão maior controle dos processos regulados (como o rastreamento de medicamentos da fabricação até o paciente, por exemplo). 

Espera-se também maior uso de analytics avançados. Big data financeiro e operacional serão integrados a modelos preditivos, dando suporte a decisões estratégicas e rápidas. Em termos de regulação, as empresas devem se preparar para adaptações relacionadas à IA, seja atendendo futuras normas de ética de dados, seja qualificando sistemas de IA de forma validável junto às agências — por exemplo, seguindo as diretrizes da ISO 42001

Nesse novo cenário que se aproxima, líderes em mercados regulados devem conduzir a transformação digital combinando prudência e audácia. As tendências apontam para um ambiente em que dados e IA conectam a eficiência ao compliance, onde IoT e agentes inteligentes amplificam a capacidade de inovação. 

Seguir boas práticas, como ter governança sólida, cultura colaborativa e metas claras, permitirá aproveitar as oportunidades e cumprir regulamentos rígidos com segurança. Liderar essa jornada digital de forma estruturada garantirá que a sua empresa não apenas sobreviva, mas prospere, criando diferenciais competitivos sustentáveis em setores sob forte regulação. 

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Conclusão 

Em um mundo cada vez mais digital e regulado, adotar uma abordagem estruturada e coordenada para a transformação digital não é apenas uma opção, mas sim uma necessidade estratégica. Equilibrar inovação e compliance garante que as iniciativas tecnológicas avancem sem deixar de lado obrigações legais e regulatórias, enquanto o uso inteligente de tecnologias como IA e big data impulsiona a eficiência operacional e fundamenta decisões baseadas em dados. 

Além disso, fortalecer uma cultura digital resiliente, na qual equipes estejam engajadas e preparadas para mudanças constantes, é fundamental para sustentar os resultados no longo prazo. 

As decisões devem ser sempre conscientes e embasadas em governança sólida, com foco em resultados sustentáveis e diferenciação competitiva. O futuro da transformação digital no Brasil envolve reforçar processos de governança, capacitar profissionais em competências digitais alinhadas às exigências regulatórias e adotar métricas que conectem inovação à conformidade. 

Só assim converteremos desafios regulatórios em vantagens competitivas, construindo operações ágeis, seguras e duradouras, alinhadas à visão de excelência da liderança que o mercado e seus stakeholders esperam.

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