ESG: o novo paradigma dos negócios – Linha do Tempo

Em uma série de artigos, a SoftExpert explica tudo o que você precisa saber sobre ESG. Prepare-se para mergulhar nesse tema!

O investimento socialmente responsável e sustentável (ESG) não é uma moda passageira ou uma nova tendência. Certamente se vê um grande crescimento nos últimos 10 anos, mas essa temática teve seus primeiros movimentos décadas atrás.

Dando continuidade a série de publicações sobre as práticas ESG, nesse artigo vou trazer diversos acontecimentos cronológicos da história mundial que envolveram os pilares de sustentabilidade até chegar no patamar onde esse tópico se encontra hoje.

Há diversas versões de linhas do tempo na literatura que justificam as raízes do conceito ESG, entretanto, há alguns eventos que foram, indiscutivelmente, grandes influenciadores para impulsionar o que temos no âmbito econômico sustentável na atualidade, e eles estarão descritos a seguir.

Guerra do Vietnã e Apartheid (Década de 1970)

O envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã aumentou o ativismo no país e no mundo, especialmente em relação ao uso de armas químicas. Esse movimento antiguerra impulsionou as práticas de investimento sustentável e algumas pessoas defensoras das práticas corporativas responsáveis começaram a se destacar e a influenciar nos discursos globais.

Os reverendos da igreja United Methodist Church, Luther Tyson e Jack Corbett, com o intuito de evitar investir dólares da igreja para empresas que contribuíam para a Guerra do Vietnã, criaram o fundo de investimento chamado Pax World Fund. Eles tinham a intenção de que outros investidores religiosos seguissem seus princípios éticos e morais aderindo a um padrão de responsabilidade social e ambiental. Este foi o primeiro fundo de investimento direcionado à responsabilidade social e posteriormente cresceu para se tornar mais tarde o Pax World Balanced Fund, que ainda existe até hoje.

O Apartheid foi uma política de segregação social e racial ocorrida na África do Sul entre 1948 e 1994. Em 1977, o reverendo líder de direitos civis norte-americano Leon Sullivan, desenvolveu um código de conduta para as empresas, apelidado de Princípios de Sullivan que estava diretamente ligado a esta política segregacionista. Estes princípios visavam promover a responsabilidade social corporativa e exercer pressão econômica na África do Sul, em resposta ao sistema de segregação racial do Apartheid. Décadas depois, as Nações Unidas adotaram uma versão atualizada do código de conduta de Sullivan para empresas como parte do Pacto Global das Nações Unidas.

Fórum de Investimentos Sustentáveis e Exxon Valdez (Década de 1980)

As repercussões de Chernobyl e do desastre nuclear de Three Mile Island na década de 1980 geraram ansiedade sobre o meio ambiente e as mudanças climáticas, o que levou ao lançamento do Fórum de Investimento Sustentável dos EUA (US SIF) em 1984.

Ainda sobre o Apartheid, em 1985, alunos da Universidade de Columbia organizaram um protesto, exigindo que a Universidade parasse de investir em empresas que faziam negócios com a África do Sul.  Esses protestos, mais adiante, resultaram em redirecionamentos de US$ 625 bilhões em investimentos que estavam aplicados na África do Sul. Além disso, em 1986, o Congresso norte-americano aprovou a Comprehensive Anti-Apartheid Act, proibindo novos investimentos na África do Sul principalmente em empresas estatais, mas também cobrindo grande parte de seu setor privado.

Em março de 1989, o enorme petroleiro Exxon Valdez sofreu uma colisão no recife Blight, no Alasca, e derramou cerca de 11 milhões de galões de petróleo bruto na água. As tentativas de conter o petróleo falharam e, nos meses que se seguiram, a mancha se espalhou e não havia na região equipamentos de recuperação ou limpeza de óleo na água. Na época, o que foi o maior acidente de derramamento de óleo nas águas dos EUA, resultou em diversos protestos e esforço de ativistas até a criação da organização sem fins lucrativos “Coalition of Environmentally Responsible Economies”. Ela reúne investidores, líderes empresariais e grupos de interesse público para acelerar a adoção de práticas comerciais sustentáveis e a transição para uma economia de baixo carbono.

Índice Social Domini 400, RIO-92 e Protocolo de Quioto (Década de 1990)

Em 1980 é lançado o primeiro índice de Investimento Socialmente Responsável (SRI) com o nome de Índice Social Domini 400. Atualmente esse índice é chamado MSCI KLD 400 Social Index e é voltado para empresas com reputação de responsabilidade social e ambiental.

Já em 1992, as Nações Unidas organizam a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra. Discorreu-se de uma cúpula global para discutir a ligação entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Realizada no Rio de Janeiro, a reunião levou a um tratado ambiental internacional assinado por 154 países com o objetivo de reduzir os impactos ambientais globais.

As consequências do RIO-92 se deram quando, em 1997, em Kyoto no Japão, negociações sobre o tratado realizado anteriormente, definiram como e em que contexto a proteção do clima deveria prosseguir. O Protocolo de Kyoto só entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 onde 38 países industrializados se comprometeram a reduzir suas emissões de gases nocivos ao clima em 5,2%, em média, até 2012, em comparação com os níveis de 1990.

É de se destacar também que em 1997, a Global Reporting Initiative (GRI) foi fundada em Boston como uma organização internacional independente que ajuda empresas e organizações a assumir a responsabilidade por seus impactos.

Who Cares Wins, PRI e Padrões GRI (2000-2010)

A Global Reporting Initiative (GRI) publicou em 2000 a primeira versão das chamadas Diretrizes da GRI, fornecendo a primeira estrutura global para relatórios de sustentabilidade. Esses padrões internacionais e independentes auxiliavam as empresas sobre como comunicar seu impacto em questões como mudança climática, direitos humanos e corrupção.

A conferência Who Cares Wins, em português “Quem Se Importa Ganha”, em 2005 reuniu pela primeira vez diversos grupos ligados à área de investimentos como: gestores de ativos, analistas de pesquisa buy-side e sell-side, investidores. consultores globais, órgãos governamentais e reguladores. O objetivo dessa conferência era questionar o papel dos direcionadores de valor ambiental, social e de governança (ESG) nos ativos gestão e pesquisa financeira. A reunião resultou em um relatório que fornecia recomendações sobre como incorporar questões ESG em análises, gestão de ativos e corretagem de valores mobiliários. A iniciativa cunhou pela primeira vez o termo Investimento ESG.

Os Princípios para o Investimento Responsável das Nações Unidas (Principles for Responsible Investment – PRI) foram criados, em 2006, por um grupo internacional de investidores institucionais e refletem a crescente relevância das questões ambientais, sociais e de governança corporativa para as práticas de investimento.

Acordo de Paris, ODS e Black Rock (2011 – 2021)

Durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015, foram estabelecidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que exercem o papel de um guia para os países que se comprometam com o desenvolvimento global até 2030. Eles abrangem diferentes aspectos do desenvolvimento social, proteção ambiental e crescimento econômico.

Em 2016, decorreu-se o Acordo de Paris, um tratado mundial que detinha um único objetivo: reduzir o aquecimento global. Ele foi discutido entre 195 países durante a 21ª Conferência do Clima (COP21), em Paris, aprovado em dezembro de 2015 e entrou em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016.

O tema de sustentabilidade tem aparecido com destaque nas cartas do CEO da BlackRock Larry Fink desde, pelo menos, 2016. Ainda em 2012 ele chamou atenção para assuntos de governança corporativa como fator necessário para a durabilidade e o desempenho das organizações ao longo prazo. A BlackRock é a maior gestora de recursos do mundo, com US$ 6,96 trilhões em ativos sob administração. O tema de sustentabilidade, no entanto, assume um senso de urgência na carta do ano de 2020 como nunca havia ocorrido em edições anteriores.

Além de ressaltar a necessidade de as empresas passarem a considerar as práticas ESG em seus modelos de negócios, a própria BlackRock serviu de exemplo para o resto do mundo e anunciou diversas mudanças nas estratégias de investimentos e de produtos oferecidos e declarou que poderia se desfazer de ativos de empresas sem planos claros para questões ambientais. Esse engajamento proporcionado por Larry traz um envolvimento sustentável muito grande de diversas organizações em todo mundo, uma vez que nenhuma quer “ficar para trás” e ser descartada ou não bem-vista pela BlackRock.

A pandemia e as práticas ESG

A pandemia do COVID-19 colocou no centro das atenções questões relacionadas ao ESG. Por um lado, os consumidores estão mais preocupados com tendências ligadas a questões ambientais e de sustentabilidade, como a abordagem para o meio ambiente e a consciência social. Por outro, no lado das organizações, espera-se um crescimento de ações voltadas a ESG como forma de agregar valor e sinalizar maior resiliência. A pandemia mostrou ainda que empresas e sociedades mais frágeis sofrem mais em crises, e que organizações solidárias e ágeis aproveitam esses momentos de desafio extremo para crescer.

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Nos encontramos no período em que se espera ser os estágios finais da pandemia e muitos se sentem prontos para voltar ao normal. No entanto, mudanças imediatas e extremas precisam ser tomadas uma vez que estamos sujeitos a diversos outros eventos globais devastadores muito em breve como, por exemplo, mudanças climáticas. É preciso que seja colocado o máximo de tempo e esforço no desenvolvimento de soluções que irão diminuir a pegada ecológica mundial. O investimento ESG é uma solução potencial uma vez que engaja as empresas a se tornarem mais sustentáveis e preocupadas com diversos tema sociais, do meio ambiente e de governança corporativa.

Você se interessou em aprender mais sobre ESG depois de ler este artigo? Então convido você a conhecer outro conteúdo que nós já elaboramos sobre este assunto aqui no blog!

Confira também a série de vídeos que preparamos sobre o tema no canal do Training SoftExpert no Youtube.

Camilla Christino

Autor

Camilla Christino

Camilla Christino é Analista de Produto e Mercado da SoftExpert, formou-se em Engenharia de Alimentos no Instituto Mauá de Tecnologia. Detém sólida experiência na área de qualidade em indústrias de alimentos com foco em acompanhamento e adequações de processos de auditorias interna e externa,documentação do sistema de gestão da qualidade (ISO 9001, FSSC 22000, ISO/IEC 17025), Controle da Qualidade, Assuntos Regulatórios, BPF, APPCC e Food Chemical Codex (FCC). Ela também é certificada como auditora líder na norma ISO 9001:2015.

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